Arquitetura Cenográfica como um maestro dos grandes eventos.

Na nossa concepção, a arquitetura tem potencial de compatibilizar e hierarquizar funções, fluxos, e até mesmo fornecedores. Quando um projeto é concebido, já é pensado como uma solução 360º para todas as demandas e aspectos que um grande evento tem como desafio

Não podemos, como pensadores dos espaços cenográficos, deixar de combinar com maestria os principais atributos da arquitetura cenográfica: conceito, técnica, funcionalidade, gestão e experiência. É realmente como um maestro.

Fazendo um paralelo entre a música e a arquitetura cenográfica, nos vemos a cada projeto com a mesma responsabilidade de um maestro. Numa orquestra, ele tem o papel de fazer com que cada nota seja emitida no tom e no momento certos, para chegar na harmonia perfeita. 

Como arquitetos, nos vemos nesse papel, conduzindo projetos para que cada detalhe, cada acabamento, cada etapa do cronograma e cada fornecedor de serviços relacionados aos espaços cenográficos, trabalhem em harmonia, e entreguem verdadeiras obras de arte para os convidados. É a arquitetura cenográfica o elo que interliga as demandas aos fornecedores, e que traça o planejamento estratégico para que a engrenagem funcione para todos. E mais que isso, ela não fica apenas na etapa de planejamento e concepção. 

A arquitetura cenográfica extrapola o limite das ideias, e precisa se tornar matéria. E mais que isso, precisa de um esforço conjunto, entre todos os fornecedores. Ninguém faz nada sozinho, e cientes da importância de cada um, somos nós arquitetos que precisamos ‘colocar todos na mesa’ e chegar juntos na melhor maneira de trabalhar em cada um dos projetos, todos unidos no objetivo comum de encantar os convidados, e de trazer as melhores experiências possíveis através dos espaços cenográficos. 

As pessoas que serão recebidas naquele local, e que ali permanecerão, ainda que por um curto espaço de tempo, precisam ser o ponto de atenção de todos. Afinal, a arquitetura existe para isso, organizar e ordenar funções e espaços, a favor das pessoas. Visando melhorar a qualidade dos espaços e facilitar as atividades humanas.

A arquitetura cenográfica não pode se afastar disso. Mesmo que por pouco tempo, as pessoas que passam pelo espaço cenográfico precisam do máximo possível em usabilidade, conforto, e ambiência. 

Os espaços estão totalmente atrelados ao conceito de usabilidade, tanto dos convidados, quanto dos trabalhadores. Precisamos garantir conforto e segurança, para ambos os lados. A funcionalidade precisa ser pensada em diferentes escalas: no macro, temos os grandes fluxos de pessoas, as rotas de fuga, as entradas e saídas, os credenciamentos e demais espaços pensados para uma função que engloba muitas pessoas de uma só vez. Mas é preciso chegar na linha projetual até a menor escala: no micro, temos como exemplo o dimensionamento dos balcões de credenciamento, tamanhos de nichos para guarda de materiais promocionais, dimensionamento de telões, distanciamento e conforto entre os assentos, e demais decisões projetuais que impactam diretamente na experiência de conforto das pessoas que estarão no espaço, seja trabalhando, seja como convidado.

Isso está totalmente atrelado com a funcionalidade e a técnica, refletindo em experiências que vão além das sensoriais, que normalmente a arquitetura cenográfica se apropria. Não se fala muito, mas o desafio vai além de projetar espaços cenográficos que brincam com os sentidos, e trazem uma experiência diferente e marcante. Também existe - e muito - pensamento projetual voltado para a  experiência agradável e acolhedora, confortável e funcional que podemos inserir nos espaços. É aquele ‘abraço acolhedor’ de boas vindas, do início ao fim da permanência das pessoas. 

E por fim, depois de uma orquestra em plena apresentação, passando pelos ensaios, tempos e movimentos, o que fica? É o arrepio na pele de quem escuta esse grande espetáculo. É a emoção no brilho dos olhos de quem sabe que vivenciou algo grandioso. Algo que por mais que seja reproduzido novamente, nunca mais será exatamente igual. Será sempre única. 

Na arquitetura cenográfica, também é essa a busca. A emoção, e o encantamento. É poder trazer essas sensações e percepções para os convidados, a cada passo, a cada nova perspectiva. Se todos os atributos estiverem em sintonia, se tornam coadjuvantes para a experiência, e essa sim, tem o poder de transpor as barreiras da temporalidade, e deixar sua marca em cada pessoa que vivenciou aquele espaço. Tem sido para nós pensadores dos espaços cenográficos, objeto de estudo intenso os impactos que a experiência pode causar ao visitante e o quanto podemos provocar sensações e mais que isso, contar histórias, trazer reflexões, suscitar aprendizado e regenerar a sensibilidade perceptiva. 

Gostamos de pensar no quanto orquestrar todos os fornecedores envolvidos tem sido um desafio enriquecedor. Através da inteligência da arquitetura cenográfica, o planejamento e ensaios em conjunto, encaixando notas e harmonizando acordes, temos conquistado resultados excepcionais, para todos os envolvidos: fornecedores, clientes, e convidados.

Não temos mais espaço para erros e amadorismo na sinfonia da arquitetura cenográfica, tudo precisa estar pensado e dirigido. A ocupação espacial por si só não basta, todos os elementos precisam estar em harmonia. Sonorização, aromas, iluminação, projeção, interatividades tecnológicas, intervenções artísticas e comunicação visual não podem causar impactos indesejáveis ou que não estejam pensados no projeto. Afinal de contas, os convidados estão sim, esperando nada mais nada menos que um espetáculo. E é isso que nós fazemos acontecer

Vale a pena vivenciar essa experiência e se deixar conduzir pelos acordes da arquitetura cenográfica. Por isso finalizo reforçando a importância de cada um dos profissionais envolvidos nessa grande orquestra dos fornecedores para eventos, e concordando com os dizeres de que nada que é provisório deve ser improvisado. “Temos competência e habilidade técnica  para planejar, compatibilizar e hierarquizar todos os envolvidos. É assim que teremos resultados primorosos e dentro do que desejamos. É necessário ser exigente e não aceitar qualquer nota”, defende Ricardo Bueno, o nosso grande maestro da arquitetura cenográfica.

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